Dia desses minha namorada, disse que eu só escrevo sobre o Palmeiras. Mas que culpa tenho eu, Náyra, se o Palmeiras tem uma capacidade impressionante de se expor de forma negativa? O "Caso Alan Kardec" é mais uma prova disso. Depois de tentar por dois meses a renovação de contrato do camisa 14, o Alviverde viu seu artilheiro pular o muro e acertar com o São Paulo.
A história toda é bizarra - e foi contada pelo pai e representante do jogador em entrevista ao Fabricio Crepaldi, do GloboEsporte.com. Em entrevista coletiva, o presidente Paulo Nobre exaltou a preocupação com a situação financeira do clube como um dos fatores para justificar a negociação frustrada com Alan Kardec.
O que Paulo Nobre esqueceu de falar é que a saída do atacante se deu por causa de R$ 5 mil mensais. O Palmeiras não permitiu a saída do seu goleador porque não tinha dinheiro para repassar ao Benfica. O clube já havia aceitado pagar os R$ 14 milhões ao gigante português. O Alviverde não conseguiu renovar com Alan Kardec porque ofereceu R$ 215 mil e não os R$ 220 mil acertados anteriormente com o pai do atleta como salário.
Será que se não tivesse contratado Victorino teria sobrado um troquinho de R$ 5 mil para completar o salário de Alan Kardec? O zagueiro chegou em janeiro e segue sem condições de jogo. Mas isso não é novidade: ele não entra em campo desde setembro de 2012...
Será que se não tivesse contratado Paulo Henrique teria sobrado um troquinho de R$ 5 mil para completar o salário de Alan Kardec? Afinal, quando o ex-jogador do Santos foi contratado, o elenco já tinha à disposição Juninho (o titular) e William Matheus (contratado nesta temporada)...
Será que se não tivesse contratado Bruninho teria sobrado um troquinho de R$ 5 mil para completar o salário de Alan Kardec? Afinal, ele foi contratado para atuar como volante, mas foi lateral-direito na única chance que teve na temporada...
Eu acho que Alan Kardec não vale os R$ 14 milhões exigidos pelo Benfica. Mas também acho que Leandro não vale os R$ 8 milhões que o clube pagou por ele. E, convenhamos, Alan Kardec era bem mais importante para o time do que Leandro.
Alan Kardec era o único centroavante de nível que o Palmeiras tinha. Não é craque. Anda longe disso. É um jogador nota 7. Talvez 7,5. Mas Leandro é um jogador comum. Pior: um jogador nota 6 (se forçarmos muito, 6,5) em uma posição para a qual o Alviverde já tinha contratado Marquinhos Gabriel e Diogo.
O grande problema da austeridade palmeirense é que ela é seletiva. Serve para reduzir o salário do seu principal atacante, mas não para barrar contratações improdutivas ou desnecessárias. Vai entender...
Obs.: A foto é de Marcos Bezerra, da Agência Estado.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Contratatação é contratação; reforço é reforço
Dia desses, no
Twitter, Antero Greco chamou a atenção para uma coisa que eu nunca tinha
percebido: a banalização da palavra reforço no futebol. E ele tem razão. Na
busca de sinônimos para não parecer repetitivo, o jornalista esportivo (e eu me
incluo nesse time) iguala contratações a reforços. Mas é importante advertir:
uma contratação não é necessariamente um reforço. Quer um exemplo? O Palmeiras.
Desde o início
da temporada, Paulo Nobre e José Carlos Brunoro contrataram 11 jogadores: os
zagueiros Lúcio e Victorino (foto; crédito: Cesar Greco - Agência Palmeiras), os laterais William Matheus e Paulo Henrique, os
volantes França, Josimar e Bruninho, os meias Bruno César e Marquinhos Gabriel
e os atacantes Diogo e Rodolfo. Mas você já parou para pensar sobre quais deles
realmente reforçaram o elenco alviverde?
Reforço é uma
peça que se junta a outra (s) para torná-la (s) mais forte. Dos nome
supracitados, só Lúcio e Bruno César são titulares. Marquinhos Gabriel e Diogo
(quando não está machucado) são boas opções. William Matheus, França, Josimar e
Rodolfo não passam de coadjuvantes - eles não seriam protagonistas nem em times
menores que o Palestra! Paulo Henrique e Bruninho o torcedor sequer sabe quem
são. E Victorino é a grande piada: não entra em campo desde setembro de 2012 e,
machucado de novo, não tem data para estrear.
Não precisa
ser um gênio - na verdade, nem precisa ser inteligente - para perceber que a
política de contratação do Palmeiras precisa ser revista. Quando onze é, na
verdade, igual a quatro, alguma coisa está errada. E é preciso questionar: Quem
recomendou a contratação de Victorino? Quem achou que Josimar, reserva do
Internacional, seria uma boa para o centenário alviverde?
A boa campanha
na primeira fase do Paulistão ajudou a mascarar falhas na montagem do elenco
para 2014. Mas a desclassificação nas semifinais do estadual, a dificuldade
para passar pelo frágil Vilhena na primeira fase da Copa do Brasil e a vitória
suada - e com uma senhora ajuda da arbitragem - sobre o Criciúma na estreia do
Brasileirão mostraram que o centenário pode ser mais longo e tenso do que a
torcida esperava.
domingo, 20 de abril de 2014
Ah, o futebol...
Engraçado como o futebol imita a vida. O tempo inteiro. Triste perceber que nem sempre o melhor se dá bem no final. Na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, o jogo entre Palmeiras e Criciúma representou muito bem isso. O time catarinense jogou melhor, dominou a partida e criou mais chances de gol - além de ter sido prejudicado pela arbitragem. Mas, após o apito final, foi a equipe paulista que saiu vencedora.
A vitória alviverde por 2 a 1, no interior de Santa Catarina, mostrou pelo menos três coisas. Uma delas diz respeito à arbitragem: incrível como no Brasil os homens do apito seguem definindo mais jogos que o zagueiro goleador, o meia cerebral ou o artilheiro consagrado. No Heriberto Hülse, o árbitro André Luiz de Freitas Castro e seus assistentes não viram Tiago Alves cometer um pênalti "duplo" em Silvinho - no mesmo lance, o palmeirense atingiu o adversário com uma voadora e ainda deu um tapa na bola dentro da área.
Outra coisa que ficou clara é que o Palmeiras parece ainda não ter se refeito após a derrota na semifinal do Campeonato Paulista. Não fossem as (muitas) defesas de Fernando Prass, mais uma vez inspiradíssimo, e os gols de Leandro e Alan Kardec, frutos mais do "abafa" do que de jogadas bem trabalhadas, o retorno do clube à Série A em 2014 teria sido igual à despedida em 2012: melancólico e com derrota. Não dá para ter certeza até onde os comandados de Gilson Kleina podem ir.
A última conclusão é sobre o Criciúma: o time de Caio Júnior teve uma boa atuação - Eduardo e Serginho jogaram muito! -, mas, se tratando de um clube que, a princípio, briga contra o rebaixamento, a derrota preocupa: se perde quando vai bem, o que acontecerá na hora que a inspiração faltar?
Obs.: A foto é de Cesar Greco, da Agência Palmeiras.
A vitória alviverde por 2 a 1, no interior de Santa Catarina, mostrou pelo menos três coisas. Uma delas diz respeito à arbitragem: incrível como no Brasil os homens do apito seguem definindo mais jogos que o zagueiro goleador, o meia cerebral ou o artilheiro consagrado. No Heriberto Hülse, o árbitro André Luiz de Freitas Castro e seus assistentes não viram Tiago Alves cometer um pênalti "duplo" em Silvinho - no mesmo lance, o palmeirense atingiu o adversário com uma voadora e ainda deu um tapa na bola dentro da área.
Outra coisa que ficou clara é que o Palmeiras parece ainda não ter se refeito após a derrota na semifinal do Campeonato Paulista. Não fossem as (muitas) defesas de Fernando Prass, mais uma vez inspiradíssimo, e os gols de Leandro e Alan Kardec, frutos mais do "abafa" do que de jogadas bem trabalhadas, o retorno do clube à Série A em 2014 teria sido igual à despedida em 2012: melancólico e com derrota. Não dá para ter certeza até onde os comandados de Gilson Kleina podem ir.
A última conclusão é sobre o Criciúma: o time de Caio Júnior teve uma boa atuação - Eduardo e Serginho jogaram muito! -, mas, se tratando de um clube que, a princípio, briga contra o rebaixamento, a derrota preocupa: se perde quando vai bem, o que acontecerá na hora que a inspiração faltar?
Obs.: A foto é de Cesar Greco, da Agência Palmeiras.
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